História da Cerveja em Portugal

 

Cerveja em Portugal

A história da cerveja em Portugal é já bastante antiga. Estudos arqueológicos recentes demonstram que os Lusitanos, povos pré-romanos que habitaram a Península Ibérica, viviam essencialmente de uma agricultura rudimentar, do pastoreio e da recolha de produtos que a natureza oferecia. Como relatou Estrabão, bebiam água e uma espécie de cerveja de cevada, pois o vinho era apenas usado em festins. Após a derrota dos Lusitanos e de outras tribos que habitavam a Península Ibérica pelos conquistadores Romanos, a história da cerveja passa por um período de obscurantismo pois, os romanos tinham preferência pelo vinho. Só com a queda do Império Romano do Ocidente e a chegada dos povos bárbaros é que se voltou a consumir cerveja em quantidades significativas.

No século XVII, há já notícias de se consumir cerveja nessas quantidades, isto é confirmado pelo facto de haver nessa época um local em Lisboa denominado Pátio da Cerveja, situado na antiga freguesia da Conceição Nova. No entanto, o consumo desta bebida não era tão pronunciado como em outros países europeus.

 

Na era moderna da indústria cervejeira portuguesa, duas empresas ganham claro destaque: a Centralcer e a Unicer. Em 1836, altura em que foi fundada em Lisboa a Fábrica da Cerveja da Trindade, instalada na Rua Nova da Trindade. A esta, várias outras se seguiram, propiciando um clima de grande concorrência entre estas pequenas empresas produtoras de cerveja. Quase um século depois, mais propriamente em 1934, nascia a Sociedade Central de Cervejas  (SCC). Um ano mais tarde,  o património da Fábrica de Cervejas Trindade, incluindo a sua cervejaria, é integrado na SCC, sendo que a produção de cerveja desta sociedade atinge, por essa época, os 5,1 milhões de litros. A marca Sagres surgiria em 1940, aproveitando-se então o clima de relativa euforia que se vivia no país devido à realização da Exposição do Mundo Português. Procurando ocupar os diferentes segmentos de mercado, a SCC criaria em 1941 a Imperial, uma marca de luxo que ainda hoje é sinónimo de cerveja de barril servida a copo.

Os anos 60 foram de grande intensidade para a SCC, não só devido à crise nas colónias, como também pelas  inúmeras actividades comerciais e industriais que a sociedade levou a cabo. Em 1968 começa a produção na fábrica de Vialonga, a maior unidade fabril do país dedicada à produção de cerveja, garantindo a cobertura total dos mercados interno e externo.

No novo milénio a SCC foi adquirida por um dos maiores grupos cervejeiros europeus, a Scottish & Newcastle.

Como já referimos, a grande concorrente da Central de Cervejas é a Unicer. A sua origem remonta a 1890, época em que as seis fábricas de cerveja existentes no Porto e a Fábrica de Ponte da Barca foram integradas numa única empresa, a Companhia União Fabril Portuense (CUFP). Em 1926 começa a ser reconhecida a boa qualidade da cerveja da companhia, através da obtenção do Grand Prix e de três medalhas de ouro na Exposição Industrial que se realizou em Outubro desse ano no Palácio de Cristal. No entanto, esse ano marca também a entrada das cervejas de Lisboa no mercado do norte para concorrerem com a Cristal.

Os anos 30 marcam o início da aposta da CUFP no mercado do sul do país. Para apoiar essa expansão, duas novas marcas de cerveja são lançadas: a Super Bock e a Zirta, uma cerveja morena entre a branca e a preta, logo seguidas pelo aparecimento da Nevália, uma cerveja que existiu apenas durante os anos da 2ª Grande Guerra e que serviu para preservar as outras marcas face à deficiente qualidade das matérias-primas. Em 1941 surge também a Vitória, marca  da qual se venderam grandes quantidades para apoiar os soldados aliados que se encontravam em Gibraltar.

A construção de uma nova fábrica em Leça do Balio foi um marco extremamente importante na história da Unicer. O dia 13 de Março de 1964 marcou a data da produção da primeira cerveja preta na nova fábrica e, a 20 de Março, foi a vez da primeira cerveja branca. O aumento da produção significou também o aumento das vendas e dos lucros. Essa fase de crescimento só viria a ser limitada pela decisão de nacionalização da empresa, tomada pelo Movimento das Forças Armadas na sequência da Revolução de 25 de Abril de 1974. Seguiu-se um período de reorganização do sector até que a 1 de Junho de 1977 o Conselho de Ministros decidiu criar duas  empresas públicas para esta área, surgindo assim, no final do ano, a Unicer - "União Cervejeira, E.P.", resultado da fusão da CUFP com a COPEJA (localizada em Santarém) e com a IMPERIAL (localizada em Loulé) e ainda com a RICAL (fábrica de refrigerantes em Sta. Iria da Azóia). Ainda em 1977, as cervejas Cristal e Super Bock obtêm medalhas de ouro no concurso “Monde Selection de la Qualité”, que se realizou no Luxemburgo, sendo que, no ano seguinte, se chega a um acordo com a United Breweries para o início da produção da cerveja Tuborg.

A década de 80 é um período de consolidação da empresa, com a modernização dos processos de fabrico e distribuição e a introdução de novas marcas e novos produtos. Em 1982 foi decidido alargar a comercialização da Cristal a todo o país. E em 1986 a empresa torna-se mesmo líder de mercado, com uma quota de 50,8%. Três anos após este marco histórico, a empresa é privatizada, sendo vendido 49% do seu capital, numa acção que decorreu na Bolsa de Valores do Porto. Um ano depois seriam vendidos os restantes 51%. Deste modo, no início dos anos 90 a empresa tornava-se totalmente privada. Entretanto, novos produtos foram lançados como sejam os casos da Carlsberg, da Nautic Light (cerveja de baixas calorias), da Cheers (cerveja sem álcool), da Tuborg e da Cool Beer, marcas que permitiram à firma reforçar a sua posição de empresa líder do sector. Actualmente, a Unicer comercializa as marcas: Super Bock, Super Bock Stout, Super Bock Green, Super Bock Twin, Cheers, Cheers Preta, Carlsberg, Cristal (nas versões branca e preta; existiu também uma Cristal Weiss que durou pouco tempo no mercado) Tuborg, Clok (relançada em 2002), Guinness, Tetley's e Kilkenny. Já em 2006, surgiram no mercado a cerveja Super Bock Abadia, a Super Bock Cool e a sidra Decider, a primeira sidra comercializada em larga escala de uma das maiores marcas portuguesas. Houve igualmente o relançamento da marca Marina, um nome com tradição no panorama cervejeiro nacional.

As últimas apostas desta companhia foram a Super Bock Tango, uma cerveja com sabor a groselha, que é também uma novidade em termos de estilo de cerveja em Portugal.

                    

Actualmente, o mercado nacional é dominado pelos dois grandes fabricantes: a Unicer e a Centralcer, os quais controlam aproximadamente 90% do sector. Comercializam também cerveja em barril para consumo imediato em locais de venda. O consumo em Portugal continua a crescer e as empresas, atentas a esse fenómeno, vão lançando novos produtos, capazes de satisfazer os consumidores habituais e trazer para o convívio dos apreciadores desta bebida aqueles a quem uma cerveja clássica não satisfaz. Exemplo disso é o surgimento de estilos de cerveja diferentes daqueles a que estamos habituados, nomeadamente a Sagres Bohemia, a Cristal Weiss ou a Cintra Mulata, entre outras.

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